domingo, 19 de fevereiro de 2012

MÉTODOS DE OBTENÇÃO



Todas as partes das plantas podem ser utilizadas para a extração dos óleos essenciais que contenham; no entanto, um órgão como, por exemplo, a flor, pode fornecer um óleo mais adequado para determinado fim que o óleo extraído das folhas da mesma planta, devido à diferença na sua composição.
O óleo essencial das diversas partes das plantas pode ser extraído por variados métodos, adequados cada um a um tipo de extração e de espécie vegetal utilizada. Entretanto, a destilação é o método mais comum.
Cada método de extração tem suas vantagens e suas desvantagens, e as características e qualidades de cada óleo podem variar de acordo com o método utilizado.
De modo geral, todos os métodos de extração não são adequados para processamento doméstico, ainda que artesanal, porque as quantidades de material vegetal necessárias para uma produção, mesmo que pequena, são exageradas.


Os métodos de extração mais comuns são:
· enfleurage
· extração com solventes
· expressão a frio
· destilação
Quase todos os óleos disponíveis no mercado são obtidos pelo processo de destilação e, por isso, este sistema de extração será considerado neste estudo com mais detalhes.

ENFLEURAGE
Provavelmente deve ter sido o primeiro método utilizado para a extração de óleos essenciais, principalmente para pétalas de flores muito delicadas.
Consiste em uma extração em camadas através de tecidos embebidos em óleo ou gordura; o óleo essencial migra das pétalas se dissolvendo na gordura que, posteriormente, é removida com o uso de solventes adequados. Numa segunda fase, o solvente deve ser removido para a obtenção do óleo essencial.
O método é muito dispendioso e demorado. Atualmente é considerado obsoleto.

EXTRAÇÃO COM SOLVENTES
Consiste na imersão do material vegetal em um hidrocarboneto solvente que fará a extração propriamente dita. Posteriormente o solvente é retirado restando o óleo essencial.
O método é empregado principalmente para flores. Não é recomendável para fins terapêuticos, principalmente porque deixa resíduos do solvente no óleo obtido. Já foram encontrados valores da ordem de quase 10% de solvente, e até mais em alguns casos.
Na França onde a Aromaterapia é mais avançada, a extração através de solventes de óleos essenciais, para fins terapêuticos, é proibida.

EXPRESSÃO A FRIO
Praticamente utilizado com exclusividade para a extração do óleo das cascas de diversas espécies de Citrus. É efetuada a partir da expressão hidráulica do material vegetal a frio, coletando-se então o óleo que escorre.
Do ponto de vista terapêutico é o método que menos alterações provoca no óleo essencial, pois não há a interferência do calor.

DESTILAÇÃO. HIDROLATOS
A destilação, como foi visto, é o método mais comum de extração dos óleos essenciais das plantas. Os princípios desta técnica foram já observados por Dioscórides, no século I. Há também uma citação referente ao seu emprego pelos antigos egípcios.
A destilação ocorre dentro de um equipamento denominado destilador ou alambique, desde os mais simples aos mais elaborados.
O processo genérico pode ser assim resumido:
1. o material vegetal é todo colocado dentro de um tanque, apoiado em uma espécie de peneira inox, através da qual se faz passar vapor d’água aquecido; esta é a melhor maneira, mas não é adequada para raízes, semente, galhos, etc.; nestes casos, o material vegetal é colocado diretamente na água;
2. o vapor, passando através do material vegetal, aquece e carreia consigo as substâncias aromáticas voláteis;
3. o vapor, agora contendo o óleo volatilizado, passa por uma serpentina onde é resfriado e condensado;
4. na porção terminal da serpentina a mistura água / óleo essencial é coletada à temperatura ambiente;
5. a água e o óleo são separados por decantação, isto é, aproveitando-se as diferentes densidades de cada um, que permite que o óleo fique sob ou sobrenadando na água.

Algumas variações no método básico de destilação podem ser introduzidas, principalmente para melhoria da qualidade do material que se pretende obter. Assim, certas destilações são efetuadas a “fogo baixo”, isto é, sob temperaturas mais brandas e durante um tempo maior, permitindo, dessa forma, um óleo de melhor qualidade. Outras vezes o processo é repetido, isto é, redestilado, obtendo-se um material mais refinado.
A destilação de material vegetal para a obtenção de óleos essenciais é um processo cujo rendimento é sempre muito baixo e caro, pelos teores muito reduzidos daqueles princípios na planta. Para se ter uma idéia de grandeza, podem ser citados, como exemplo, os seguintes rendimentos médios, para a obtenção de 1 kg de óleo essencial:
Eucalipto    46 kg
Tomilho    400 kg
Rosa      1400 kg
Néroli     6000 kg

Após a separação do óleo essencial da água, esta última constitui o hidrolato, que é a água destilada contendo cerca de 0,2 g/l de óleo essencial disperso na forma ionizada, não decantável.
Assim são produzidos hidrolatos conhecidos, como a “água de rosas”, a “água de flor de laranjeira” e a “água de camomila”.
Além disso, deve ainda ser observado que estes hidrolatos contêm, invariavelmente, substâncias solúveis em água, e que não estão presentes no óleo essencial.
Em muitos casos a destilação é processada para a obtenção exclusiva do respectivo hidrolato. Aqui, como no caso dos óleos essenciais propriamente ditos, também existe falsificação comercial, agregando-se algumas gotas de óleo à água pura, apresentando a mistura como hidrolato ou água de flores.
Os hidrolatos são especialmente recomendados para a desinfecção de feridas e cuidados com a pele em geral. São muito utilizados em cosmética. Também podem, em muitos casos, servir como complemento no tratamento utilizando óleo essencial, ampliando a capacidade deste.
Os óleos essenciais após a sua extração precisam ser armazenados em vidros escuros desinfectados, ao abrigo da luz, em local fresco sem grandes variações de temperatura, muito bem tampados, evitando-se qualquer contato com o ar. Desta forma podem ser guardados por cerca de 2 a 3 anos.

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